Killing Kiki

Kiki disse que estava entediada. Cansou-se de virtualidades, blogs, umbigos, personagens e perfis falsos, amores triviais. Internet sucks. Entre risos e lágrimas, pediu-me que acabasse com tudo de modo rápido e lindo. Convoquei o hipocentauro pistoleiro. Foi tudo rápido e lindo.

Respiração‏

Kiki respira em linha reta. Na volta, o ar é aluvião.

Lição de anatomia

O rapaz disse: só carrego dinheiro, identidade e um celular, nada mais. Kiki festeja a insustentável leveza do ser.

the sound of silence

Kiki lê ideograma, pauta musical. Caderno de escrita indelével...

agoraphobia

Kiki contempla a chuva de flores mínimas

Ela abriu tanto espaço na vida que agora sente agorafobia!






© Foto de Edouard Boubat. Cerejeira japonesa, Parque de Sceaux, Paris, 1989

pra mim, sou

Kiki encontra a negrinha:

Diminuta, carvãozinho, pobrinha de dar um nó, sobe rápida em direção ao Cruzeiro. Sobre negrinha negritude de negro...velhinha, magrinha, varinha, varina. Perguntada se era feliz disse: Para mim, sou.

bico de beija-flor

Kiki recebe carta diminuta num bico de beija-flor pousado em seu ombro. Está escrita em pergaminho, pedaço de pele, película de ovo? guarda a flor mínima na carteira....

sem endereço

Ela perdeu o mapa, a caderneta de endereços. Cria veredas, passagens.

ANGELUS

Ela libera o anjo asfixiado. Desloca-se, muda de estado. Não está mais àquela hora.

Ela pensa. Fechei a porta do inferno. Cavalos galopam no verde infotografável. ...