7 de dez. de 2011

21 de out. de 2011




Mahler respira mal. A Rainha da Fábula sopra palavras de ternura em seu ouvido, mas ele não escuta. Eles se aproximaram perigosamente de lugares impossíveis na Língua, nos olhos, nos ouvidos, na boca, onde o bafo do suicidio cheira à boca de criança. Ele ficará impregnado daquelas palavras, mas agora é tarde, Kiki decidiu morrer. Ela decide acabar com essa mixórdia que é a vida subjetiva, com essa merda toda, com a poesia & dor, prazer & dor. Kiki ficará na lembrança dos dedos que digitaram sua história.

apronta-se...

20 de out. de 2011


Esquece...."Memória,assombração,superstição"
(Mario de Andrade).

Plantou-se no segredo, agora perdeu as raízes.
Fazendo
limpeza de aura, tirou a coroa do passado, aberta a clôture.
Tudo faxina.

suicidio. Ela se apronta II

19 de out. de 2011



Joga num saco plástico de lixo

negro

fantasias furtivas, bobagens de mulheres,

monte de palavras

vazias,

fios rompidos,

amarga

sen-si-bi-li-da-de!

suicidio. Ela se apronta

17 de out. de 2011

Ela está quase pronta,
está no ponto, se apronta...
Refaz os caminhos no mapa

da lembrança.

O clima úmido enche d´água os pulmões....Relê livros:


"o relógio da poesia


Anda mais depressa


E com mais maestria


Do que aquele da física" (Hilda Hilst)




asperezas do delicado....

16 de out. de 2011



Domingo enquizilhado, Kiki se perde num bosque. Ela prepara devagar um suicidio.


Tantas luas ausentes e veladas fontes! Que asperezas de tanto descobri nas coisas de contexto delicado. Hilda Hilst

trama de um segredo

15 de out. de 2011




A trama de um segredo


Deixava-a presa


num vidro


de Duchamp


cripta erótica


capsula, casulo


motor de sensações


incomparáveis...


14 de out. de 2011

Ficara presa na torrente de palavras
durante certo tempo
enquanto a vida esfregava
a cara
na cara da vida...(Carlos Lima)

Kiki & Lala

9 de out. de 2011

densidade de negro
pendurada no feminino
aérea acrobática alada
Miss Lala
Amor em black
My Mistress
flutua a negra
(Miss you,
Lovely Miss Lala),
toda em A
solto desejo
no ar
.

The real Thing

17 de set. de 2011



is comming....

Tudo ficou zerado

... a quilômetros de distância....
ninguém percebeu o tempo rachado
entre nós.
.

whisful thinking

15 de set. de 2011



otimismo exagerado-falácia da esperança-raciocínio caprichoso-falácia do desejo-pensamento mágico-desejo impossível-falácia da fantasia-pensamento desiderante-pensamento desiderato-desejo mágico: uma mulher


"pois a alegria, tal qual a feminilidade, permanece indiferente a qualquer objeção" Clement Rosset


imagem smilespider de Odile Redon

Guarda-te

14 de set. de 2011



"Veja você, só há uma maneira de amar as mulheres: com amor {...}todo resto amizade, estima, simpatia intelectual, sem amor, é um fantasma, e um fantasma cruel.[...] " Montherland. in. Pitié pour les femmes.







imagem Odilon Redon. O Silêncio

Flor bizarra

13 de set. de 2011



Imiter le Chinois au coeur limpide et fin

De qui l´extase pure est peindre la fin

Sur ses tasses de neige à la lune ravie

D´une bizarre fleur qui parfume sa vie. (Mallarmé.Cansado do amargo repouso)


imagem:Odilon Redon

12 de set. de 2011

Ela dorme nas mãos do mendigo afetuoso.

bebês dormindo



Resguarda-te!

Como rosas heróicas de Paul Klee

11 de set. de 2011



pois se fosses desejável



permanecerias colado



ao meu inenarrável desejo?

Coração exposto

10 de set. de 2011

"Carne, que queres mais? Coração, que mais queres?” (Olavo Bilac)

acéfalas

8 de set. de 2011


Ela avisa aos navegantes:
guarda-te!
ninguém mais mexe com minha cabeça...

lugares aonde não ir

6 de set. de 2011


nunca ir à Grécia
o real fode com os mitos
Ela está em décalage,
Baby blue,
não mede nem vida,
nem palavras.

Flor do mal

4 de set. de 2011


Tirou o corpo da matança
cobriu espelhos
(se tivesse morrido)
saiu de si no salto
(com vara)
foi voar projétil
Você ainda beijará a ponta do meu All Star
(perdón)
mal estar...

lugares aonde ir

3 de set. de 2011


Cortiça, este lugar silencioso e leve...onde não se afunda!


Cortiça. Cidade flutuante no Oceâno Atlântico. Seus habitantes se parecem em tudo com os europeus, exceto pelos pés que são de cortiça, o que lhes permite caminhar sobre o mar sem afundar. A cidade de Cortiça também está construída sobre uma gigantesca rolha. (apud Dicionário dos lugares Imaginários p.119 Cia das Letras)

Pensamentos irrespiráveis

2 de set. de 2011


na Líbia
(mortos)
na Guatemala
(contaminados)
em todos os andares a mesma falta
de ar


Flor máxima


Desejo da poesia
desejo de poesia
(tendo sido)
inesquecível
impossível

irrepetível
incomum

(sendo)
o impenetrável silêncio das coisas.

Flores do mal: a doce duquesa

30 de ago. de 2011


Pede perdão ao Bispo
por pecar tanto em pensamento.
Promete cardápios vegetarianos....

Flores do Mal: La Condesa Sangrienta

28 de ago. de 2011


... sus últimas palabras, antes de deslizarse en el desfallecimiento concluyente, eran: "Más, todavía más, más fuerte!"

Referencia: La Condesa Sangrienta de Pizarnik
© Apocatastasis.com: Literatura y Contenidos Seleccionados

Flores do mal

27 de ago. de 2011



"[...]formosura esfarrapada. Flutua: não acaba de ser, nem acaba de desaparecer."






(Octavio Paz. Labirinto da Solidão.)

enquanto isso, uma mulher....

26 de ago. de 2011

Desliza na onda soberana da ressaca

o vento com seu ououou no oco do ouvido...
(te amo)

Sacro ilíaco cabeça do fêmur coluna ereta,

ausência de rigor no esqueleto,

íntima tarefa é viver.





uma mulher por enquanto...

25 de ago. de 2011

Pede calma, água de Oxum, frescor, pássaros de balé, beijaflores, kiss,

Nijinskisses, Prince, Musicology, Illusion,

Coma & Circumstance


um sábado no sabbath
prazo, intervalo,
mistério sol

beleza!







(imagem Myrna Loy)

uma mulher quando...

24 de ago. de 2011

Uma mulher quando
enfumaça, Baby querido,

embaça enquanto: Jaguadarte!

Garra que agarra, bocarra que urra!

Cuida-te

Pede clemência à Desgraça!

...to kill

23 de ago. de 2011



As vozes líquidas do poema

convidam ao crime

ao revólver

[...]

(joão cabral de melo neto. o poema e a água. in. pedra do sono)

não esquece. não padece mais

cumpre os ritos...




Calçada para matar

22 de ago. de 2011




Ela exercita a parte maldita:


dom, dispêndio, gasto.


Inicia, em transe, o ritual do potlatch


"dans le but d´humilier,de defier et d´obliger un rival"


(Bataille. La notion de dépense,33)

mamaezinha querida 4

21 de ago. de 2011



Os irmãos (ainda sob eflúvios fatais)

da mamaezinha querida mal podiam suportar

os ruídos da matemática frenética -

torta economia amorosa -

no desavisado coração

de sua majestade

só cabia um

afinal

Nirvana

19 de ago. de 2011

Foi relaxar no Nirvana

like a mosquito sua libido

voa em circulos
mergulha no prato na poça na pedra

naquela mesma inana






vendaval

18 de ago. de 2011




saias,




portas,




tudo se movimenta




à revelia do desejo...

amores inventados

16 de ago. de 2011



Como se o segurasse no colo

- ao mesmo tempo -
longe tão longe

se os dois mortos

estivessem



Amores inventados

Eu sou amor da cabeça aos pés
mesmo quando mordo

amores inventados

15 de ago. de 2011



If I´m alive now, then I was dead
[...]
floating through the air in my soul-shift
Pure as a pane of ice. It´s a gift

(S. Plath. Love Letter)

Combinaram suicidarem-se
mas choveu....

mamaezinha querida 3

14 de ago. de 2011




No dia dos pais,o tapete vermelho era dela...






(imagem de Hans Scheib)

mamaezinha querida 2

13 de ago. de 2011




Ergue o monumento


diva poetisa pitonisa


passado, prersente e futuro


presos por um gancho


à barra do seu decote.








(imagem de Hans Scheib)

Luvas furadas

12 de ago. de 2011


As mãos dele
a entrelinha da cintura
dela
luvas sem tato
folhas e mais folhas espalhadas no sítio
ao redor...

da série mamaezinha QUERIDA

11 de ago. de 2011




Levou com ela todo o segredo sobre o sexo.



(imagem Hans Scheib)

Luvas de renda



Delicados
Gostavam de luvas rendadas
Gostavam da palavra panda
Gostavam da palavra pândega
Gostavam da palavra azul
E da palavra abril
Súbito tropeçaram
Na palavra fim.
Não passaram no teste de qualidade da fábrica.

luvas de couro

10 de ago. de 2011



Ela gostava de luvas
Ele, de uvas
Esqueceram
A data do aniversário de casamento
Nada sabiam do sexo um do outro
Faziam carinhos com luvas de couro
Entre perdas e danos
Outro tanto.

luvas

8 de ago. de 2011



Amor. Formigueiro quente nas mãos
e lábios
tempo dilatado
(intervalo)
entre dois
fogos de palha
soltas no ar
luvas trêmulas tocam
peso pluma de palavras



luvas

As mãos no ar
doem...
Dança de asas
No teclado
Fundo musical novo
Notas dissonantes
sons multicores
Alguém se deixa ir
Longamente

7 de ago. de 2011




Luvas de pelica (dedicatória torta)

Neste monólogo
Tu não me pegas mais,
Ana C.

negro gato 4

4 de ago. de 2011

necrose nos quadris
desequilibra a alma
negritude negrura
Melodia
código do segredo
com quem deita balança
dança
lança

negro gato 3

3 de ago. de 2011



A cada dia sua negra magia, mel do melhor

noivado com a escuridão

betume pretume

secreta oculta

fresca e nova

ternura ...

negro gato

2 de ago. de 2011

Feijoada e soul food

tensão social

corpo corpo corpo

elástico viril

regimento zulu
avô do Bento tetraneto de Xangô
segura o bode pelos chifres.

densidade de negro

1 de ago. de 2011



campo de força densidade negra persistência etnica

corpo gostoso negro gato :

"Pórtico sombrio :aberto/fechado, abstrato/concreto, elemento/complemento,

para além dos pulsars, dos quasars, para depois das galáxias..." (Joaquim Cardoso)

Falo com raios 3

30 de jul. de 2011




Um brinde à sua alma irada. em vermelho sangue

Falo com raios 2




Deseja um poema em linha reta
verso assassino

direto ao coração
leite

mel
lei












 
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