Ela costura um novo corpo. Sutura. Veste a pele como roupa.
Despenca mas não cai 3
30 de mar. de 2011
Enquanto criava mitos de si própria - muita basófia esquenta a alma como cachaça - Kiki punha a pata sobre o malfeito.
Ela todamava o tio Mario como quem bebe o contraveneno da conversa fiada
“Não sou mais eu nunca fui eu decerto/ Aos pedaços me vim-eu caio-aos pedaços disperso/Projetado em vitrais nos joelhos nas caiçaras/ Nos Pirineus em pororoca prodigiosa/Rompe a consciência nítida: Eu TUDO-AMO” Mario de Andrade In. Carro da Miséria
Respirações
24 de mar. de 2011
Contraiu uma doença de modo inocente.
Fatigada, respira curtinho, sem deixar descair a espinha: vida dependurada num pensamento.
Com a vida dependurada nos respiros fatigados. (M. A. Macunaíma )
enxaqueca
22 de mar. de 2011
....penetra no cérebro com agulhas de gelo
(Aluízio Azevedo)
Mundo lateja.
Formas sob efeito da luz do sol, tudo treme.
Dentro e fora. Meio cega? Força a vista do lado torto. Cabeceia. Vai e volta dá de cara na parede. Luzes brancas parecem voejar em torno. Pequenos pássaros ameaçadores. Chupa gelo. Pisa em pregos.
Motor do dentista no nervo exposto.
Qualquer coisa até o insuportável.
Depois com certeza o alívio.
aleatórias 4
21 de mar. de 2011
Sente o ar mais leve e respira fundo. Esquece o nome; como se chamava mesmo? Passa na rua e não reconhece. Esquece de que lado da cama dormia. Nunca mais lembra. Não faz falta. O barulho em volta. A memória um risco. Fotos e cartas no processador, faz um suco e bebe. Beber os mortos com canudinho e gelo picado
tremblorosa
20 de mar. de 2011
Desliga o som. Mantém o silêncio:
nenhuma emoção.
Suspende o pincel. Imóvel a mão: nenhuma cor.
Apaga o que escreveu. Folha em branco: nenhuma confissão.
Interrompe no meio o gesto. Repousada a Língua: nenhum beijo.
Trava o movimento cintura abaixo. imóveis os quadris: nenhuma culpa
Segura o mundo por um minuto. imóvel o mundo: nenhum arrependimento.
Suspende o pincel. Imóvel a mão: nenhuma cor.
Apaga o que escreveu. Folha em branco: nenhuma confissão.
Interrompe no meio o gesto. Repousada a Língua: nenhum beijo.
Trava o movimento cintura abaixo. imóveis os quadris: nenhuma culpa
Segura o mundo por um minuto. imóvel o mundo: nenhum arrependimento.
ikiru
19 de mar. de 2011
Ainda é possível respirar?
Respirando apressado, com falta de ar, ofegante, engasgando de rir, tudo ao mesmo tempo? onde está o corpo e onde está o chão?
amor de cão
16 de mar. de 2011
"ir até o fim do fôlego, até a constrição da asfixia final do ponto, do ponto da frase, da pontada de lado..." (Novarina. Carta aos atores)
Tudo é presença 2
As rainhas das águas estão iradas. O caldo engrossa. Tudo é substância e nada faz sentido. Kiki teme este parto monstruoso.
fig. Laura Erber
Tsunami
11 de mar. de 2011
O coração de Kiki estralou. Verteu um mar de detritos a 9 graus de magnitude atingindo o noroeste do Japão. Tudo é presença.
esquece
10 de mar. de 2011
O poeta ficou afogado no fundo de sua meditação. Kiki emerge da lama. Explicações não cabem nos limites. Tudo é presença.
esquecendo
8 de mar. de 2011
Então ela mergulha e a "frase não para no meio",não para, a dor não para, mergulha com ele quando "tudo é noite", mergulha e os gatos arranham o fundo d´alma. Ela pede calma ao Boi Paciência. No meio da festa, o peito arrasta no fundo do grande rio. O coração pesado do Poeta, a respiração difícil de Kiki. Tudo são entranhas do amanhã.
esquecendo
6 de mar. de 2011
KIki experimenta neo-substancialismo!Coração indômito, sente nostalgia da presença dele/dela. O que diria o poeta disso/ disse tudo?
esquecendo
5 de mar. de 2011
Tudo ali cheirava a leite coalhado e unhas azuis.
Uma personagem de Flaubert se vira e grita: Vai, esquece-me!
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