14 juillet. Allons, enfants

14 de jul. de 2010

Quem Fica, sentada à mesa, ao lado, vira-se para a Platéia Oculta e diz:

— Ana C. aflitíssima! Kiki não deixa passar nada...

Kiki levanta-se em dervir mínimo, já outra, não é ainda a outra.

— Não sei conjugar este verbo, Doçura. Não faça climas com fragmentos de um discurso amoroso. Entre o jaguar e a jaguatirica, jaguadar-te!

cenário

13 de jul. de 2010

Kiki e Ana C. numa espécie de bar. Ouve-se Billy Paul cantando Mr and Mrs Jones.

Kiki parece deslocar cutículas com a ponta do dente.
Ana C., aflita, diz:
— Não para, não para, não para agora.
Kiki volta-se:
— "Ana? Sei teu nome?"

Kiki recebe Ana C.

11 de jul. de 2010

Kiki recebe Ana C.(ator homem) que veste o famoso casaco vermelho e óculos escuros.

Entre terna e irritada, Ana C. diz:
— Comigo, gozo, só na beiradinha. Não entra, baby. Não consigo te dizer da minha ternura?

Kiki diz:

— Atura-me.

Monólogo do Interior

9 de jul. de 2010

Kiki escreve uma carta ao psicanalista. Ela está sentada no divã.

(ouve-se a voz de Kiki gravada)



— Querido, ontem o Estranho bateu à minha porta. Estou dispensando. Penso em vc. todo dia. Depois, dispenso também, nada a fazer com o Inconsciente. Comprei no Ponto Frio uma máquina desejante. Sinto dores no útero. Sou só corpo com órgãos. Depois conto mais. Bjos, Kiki

hoje

8 de jul. de 2010

Kiki despede o Anjo



O telefone toca.

Ela desaparece atrás da cortina. Ouve-se uma conversa com Avulso:

Sim, querido,

— nem ele, nem ela importam



só a sístole e a diástole.





(Voz do Anjo)

Kiki varia muito o paladar. Bitch

cena com o Anjo Poderoso‏

7 de jul. de 2010

No canto esquerdo do palco a figura do Anjo Poderoso

Ele avisa Kiki:
— Cuidado ele não passa de walking disaster.

Kiki sacode a iniquidade do dia.

em cena

6 de jul. de 2010

Nua no palco, Kiki diz com voz de contralto:

Há palcos azuis, infinitas esquinas...
Músicas colam em mim pela manhã!
 
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